segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Objetos de desejo - Rodi Núñez










































Objetos de desejo

Gustavo Nakle, Marlies Ritter, Tania RResmini e Megumi Yuasa. Tudo surgiu do mais profundo e absoluto desejo de posse, de uma admiração não somente por questões formais que os trabalhos destes quatro artistas me sugeriam, mas, principalmente, pela oportunidade única de poder ter partilhado durante diferentes momentos de minha vida, a poética do processo de construção do trabalho de cada um deles. A partir daí, pude notar que os objetos criados por eles é pura e simplesmente resultado destas múltiplas vivências.

Mas tudo acabava convergindo para aquelas formas, fossem elas figuras de um universo onírico, lírico e ou delirante repletas de sarcasmos, humores e ironias como nos trabalhos de Gustavo Nakle, ou mesmo na delicadeza e sutileza das histórias de família contadas pelos trabalhos de Marlies Ritter, passando pelas finas placas de Tania Resmini e suas formas orgânicas, seus bulbos repletos de vida e energia e convergindo para o grande mestre Megumi Yuasa com suas sementes, metade pedra metade cerâmica, que carregam a gênesis da criação, a mais profunda e absoluta limpeza de forma, uma síntese feita por uma das pessoas mais generosas que conheço.

Tenho a sorte de ter acesso a estes artistas desde muito cedo e algumas obras, como as de Gustavo Nakle, desde criança. A imagem dos trabalhos destes artistas sempre povoou o meu universo de criação. Quando menos esperava, lá vinham aquelas visões: surgiam não somente as formas, mas também suas maneiras de trabalhar, as conversas e os questionamentos.

A vontade de tê-los um pouco para mim é imensa, ou melhor, de fazer aparecer pelo menos um pouco o que deles está em mim, dentro de meu processo de criação. É neste momento que entra o conceito de objetos de desejo. A construção de quatro linhas de trabalho que busquem traçar um paralelo com objetos executados por eles trazendo à tona minhas mais próximas e afetivas memórias de artista.

Abordo, com esta exposição, o que está dentro de meu processo de criação, imagens persecutórias que não me abandonam revelando-se sempre constantes a cada trabalho executado. Por mais distante formalmente que pareça.

Rodi Núñez