quarta-feira, 1 de agosto de 2012



>> EM TRÂNSITO <<

O Bando de Barro convida todos a romperem com as barreiras físicas do espaço para que a cerâmica ganhe as ruas de forma inédita...



Convocatória 'Em trânsito'


Pela sua trajetória, o Bando de Barro demonstrou ter como uma de suas características a capacidade líquida de adaptar-se aos espaços por ele ocupados em suas exposições/intervenções. Se o Bando é amorfo, o é somente nos períodos entre uma ação e outra. O espaço da exposição delimita-lhe contornos mesmo que provisórios. Dessa maneira, ora ele tem uma dezena, ora mais de duas centenas de participantes, todos envolvidos direta ou indiretamente com o fazer cerâmica. Mas fazer cerâmica é de certa forma percorrer um caminho que existe antes no tempo que no espaço.
Ao construir uma obra, o ceramista encontra-se inserido, igualmente, no meio de uma trajetória milenar de desenvolvimento técnico e estético e em um processo individual de criação até certo ponto imprevisível porque cheio de intervenções do acaso. Essas intervenções ocorrem porque, diferentemente de outros meios da arte, um objeto de cerâmica é fruto de um processo de constituição lento e absolutamente aberto à ação de agentes externos ao artista, como as contrações da massa durante a secagem, a violência do fogo e as reações químicas de seus componentes em contato com o ar que modificam os detalhes desse objeto durante meses ou até mesmo anos após a queima. Sob este ponto de vista, o objeto cerâmico nunca está acabado.
Mas, ao mesmo tempo em que a obra oriunda desses processos singulares é frágil e facilmente quebra-se, ela também constitui-se como um dos artefatos humanos mais resistentes à ação das intempéries. Na verdade, um objeto de cerâmica encontra-se suspenso no tempo, em trânsito, está em um lugar entre lugares. Nascido em algum ponto entre a ancestralidade da qual é vestígio e o presente tangível, sua natureza perene remete-nos permanentemente ao futuro infinito à sua frente. Um futuro ao qual não pertenceremos.

A proposta


Para celebrar a dimensão humana desse caráter temporal do fazer cerâmico, uma vez que a ação do artista é somente parte transitória do processo gerador da obra, o Bando de Barro convida  todos a romperem com as barreiras físicas do espaço para que a cerâmica ganhe as ruas de forma inédita. Em uma exposição que ocorrerá em movimento, os artistas, usando seus corpos como suporte, vestem, encaixam, abraçam, penduram, equilibram suas peças em si e percorrem as cidades participantes simultaneamente, constituindo aquela que pode vir a ser a maior ação bandoleira já promovida. Uma exposição que acontecerá antes no tempo que no espaço. Uma exposição em trânsito que é, ao mesmo tempo, o percurso e a ação de percorrê-lo. Aquele que percorre um caminho não está mais no ponto de partida e ainda não está no seu ponto de chegada, ou seja, está em um tempo entre lugares, no tempo da transitoriedade, no tempo do fazer cerâmico.

Quando:

No domingo, dia 19 de agosto de 2012, com início às 11h e término ao meio-dia.

Quem:

Bandoleiros, que podem ser dois, vinte ou mais, de diferentes origens, formações e experiências, e que estão convocados a caminharem unidos.

Percurso:

O percurso de cada cidade será definido pelo grupo organizador local e poderá ocupar momentaneamente nessa caminhada um espaço, um evento, uma praça, um salão. As determinações da forma e das ações dependerão dos locais incluídos no trajeto.

Organização:

Independentemente do formato escolhido, cabe ao grupo organizador local realizar a produção, a divulgação e o registro do evento.

Cidades Participantes:

Participarão da proposta as localidades bandoleiras espalhadas pelo Brasil. Oportunamente divulgaremos o responsável pela organização do evento em cada localidade. 

Contato:

Roberto Bitencourt
 

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