Rafael Mazzoca
Rafael Mazzoca
Golfe, 2011
Apresentando um jogo de golfe como proposta de ação artística para a primeira exposição do grupo Tramas Urbanas – laboratório de escultura e poéticas do espaço, no jardim do Museu Joaquim Felizardo, Rafael Mazzoca convida o público para a noção de arte-experiência, para a vivência de um tempo no qual o transitório e passageiro se sobrepõe ao permanente, ao duradouro. Um instante onde o objeto artístico e sua materialidade se rendem ao jogo do artista, às suas regras.
Pelo menos duas questões são essenciais para pensar o trabalho de Rafael Mazzoca: a matéria e a ação do jogo. A constante tensão presente entre a fragilidade do objeto cerâmico e a ação sobre o mesmo objeto configuram o jogo, quando o trabalho realmente se realiza. Neste aspecto, a experiência da arte se coloca além do objeto estético ou da contemplação pura, deslocando seu sentido para a vivência do indivíduo e ou do grupo que exerce ação no jogo. O trabalho do artista convida e instiga o fim da passividade do público, propondo a arte como envolvimento e a matéria como impermanência.
Lidando o tempo todo com a transposição que desloca objetos do campo do esporte, para o campo da arte, a possibilidade da plena realização das funções dos mesmos, não se completa, por se tratarem de uma construção frágil. Seu jogo de golfe com bola de cerâmica é mais um desdobramento no trabalho do artista, que já realizou ações com bumerangue e bola de basquete em outros espaços públicos da cidade.
Bibiana Ferreira Pereira
Apresentação
.
O grupo Tramas Urbanas, surgiu da necessidade de seus integrantes de criar encontros para pensar e discutir a respeito de questões artísticas, tendo como foco a escultura. Os encontros começaram a acontecer em outubro de 2010 e vem realizando-se periodicamente desde então. Gradualmente as discussões foram fomentando a elaboração de ações artísticas que consolidam-se como intervenções e exposições no espaço urbano.
Um dos objetivos do grupo através de suas intervenções, é dialogar com o público, tanto com os passantes, como com os moradores do entorno dos espaços onde se realizam as ocupações artísticas.
Ainda hoje, mesmo depois dos textos de Rosalind Kraus sobre o campo ampliado da escultura, muitas pessoas limitam-se a compreendê-la como a produção de obras dentro de um atelier, que simplesmente são transportadas para os locais expositivos. O grupo trabalha com a materialidade da escultura, porém não limita-se a tratá-la como mero objeto escultórico, suas atenções estão voltadas também para o entorno dos locais onde se propõem a ocupar e a cidade em que estão inseridos.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário